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Nos tempos em que os carros de bois faziam de tudo nos sertões

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Nos tempos em que os carros de bois faziam de tudo nos sertões

Nos tempos em que os carros de bois faziam de tudo nos sertões

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Por Ananias Solon, Zootecnista, Historiador e Escritor

Andando nas estradas dos sertões, mais uma paisagem me chamou atenção! Me remeteu ao passado foi de doer o coração. Ao avistar embaixo de uma quixabeira, um velho carro de boi desprezado, com o cabeçar no chão.

Fiquei imaginando, que tamanha ingratidão.

A origem dos carros de boi no Brasil, foi nos tempos da colonização. Teve seu papel importante com grande utilização nos transportes agrícolas, de animais de pequeno porte, de gente viva e morta, como também na aração, era o enfeite das fazendas, o transporte do sertão.

Com a evolução dos tempos, os carros de boi foram sendo encostados, só restando as lembranças e as saudades, foi cumprida sua missão.

Os tratores foram chegando, ocupando seus lugares, nos rincões do sertão.

São muitas as lembranças da Fazenda Icós do meu tio Elizeu, do carro de boi, das aventuras nas viajadas trabalhando ou nos passeios.

A gente se divertia na labuta da fazenda, todos garotos sem ter receio ajudando nas atividades da Fazenda sem nenhum arrodeio, com muita satisfação.

Lembro da junta de boi nascido na Fazenda, os nomes eram Bizoro e Brilhante que por nós foram batizados, eram pretinhos que pareciam serem pintados.

Quando era de manhãzinha, para nova trabalhada, era grande alegria pois gostava da viajada.

E lá nós em cima daquela carrada, com nosso cachorro latindo, fazendo muita zoada, o carro de boi gemendo igualzinho a uma toada, tio Elizeu no comando de mais uma jornada.

Nas carregadas das palmas era lenta a arrumada, de palma em palma, a gente enchia aquela carrada.

A carga de algodão era grande mas, não era pesada, na viagem para Serra Talhada, a gente pulava em cima com a carga amarrada.

Dentre as viajadas de carro de boi, só uma ficou marcada com tristeza e emoção, a morte de Antonio Quilete foi confirmada, numa queda de jumento sua vida foi ceifada, nos causando aflição.

E o cortejo seguia com o carro de boi gemendo em tom tristonho e vagaroso, naquela variante margeando o rio Pajeú, cheia de pedregulhos, catabis e solavancos, levando aquele caixão, com nós atrelados; eu, Chico Preto, Berto e Gerson, agarrados nos fueiros do carro, segurados pelas mãos,

Com olhar distante e lacrimoso, dando o último adeus na despedida ao velho Antônio Quilete, numa grande comoção,

No cemitério do Saco da Roça, onde lá ficou na sua última viagem de carro de boi, enterrado no Chão.

Ananias Solon, Zootecnista, Historiador e Escritor.

Serra Talhada, 15/10/2024

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Fonte: faroldenoticias.com.br