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Por Antonia L. van der Meer (Tonica)
Sou inocente, mas não me importo com isso; estou cansado de viver. Para mim, é tudo a mesma coisa; por isso, digo que Deus destrói tanto os bons como os maus. [Jó 9.21-22]
O livro de Jó desafia as teologias simplistas. Na sua resposta a Bildade, Jó diz: “Eu sei muito bem que as coisas são assim” (9.2). O desafio de uma teologia em que Deus abençoa os bons e castiga os perversos é a sua aplicação. Ela pressupõe que podemos enquadrar Deus nas nossas categorias e estabelecer “conclusões” sobre por que isso ou aquilo aconteceu: no caso específico, por que Jó estava sofrendo tanto.
O protesto de Jó está certo, mesmo que a sua conclusão pareça muito forte. Eu não consigo me conformar com a frase: “Se, de repente, uma desgraça mata pessoas inocentes, Deus ri” (Jó 9.23). O texto hebraico diz algo semelhante. Mas a tradução grega, conhecida como Septuaginta, feita 150 anos antes de Jesus, mostra que os escribas também lutavam com esse versículo e traduziram “pois os perversos morrem, mas os justos são ridicularizados”.
Claro, não acredito que devamos entender que Deus tem algum prazer na desgraça dos inocentes. No entanto, a leitura do capítulo 9 mostra que não podemos tirar conclusões precipitadas de causa e efeito quanto às nossas circunstâncias. De fato, a única “explicação” que se pode dar para as desgraças que os inocentes sofrem é aquela dada por Jó no versículo 24: “A terra está entregue nas mãos dos perversos”.
Como tudo isso nos deixa? Humildes e humilhados diante do nosso único recurso: a misericórdia e a graça de Deus, que ele promete para aqueles que estão em Cristo Jesus. Como escreveu o apóstolo Paulo: “E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento” (2Co 4.17).
Pai, confesso a minha devoção a ti acima de qualquer ídolo material ou de comportamento contrário a ti. Tem misericórdia de mim e de tantos inocentes que sofrem no Brasil. Que eu possa refletir a compaixão de Cristo por eles. Em nome de Jesus. Amém.
Retirado de Refeições Diárias – Celebrando a Reconciliação. Editora Ultimato.
Fonte: maispajeu.com.br