O clima político na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (20), após o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), acusar diretamente um assessor da governadora Raquel Lyra (PSD) de chefiar uma suposta “milícia digital palaciana”. Em pronunciamento contundente no plenário, o parlamentar disse que o servidor Manoel Pires Medeiros Neto estaria por trás de uma rede de ataques virtuais contra adversários do governo, incluindo a deputada estadual Dani Portela (PSOL).
Segundo Porto, o assessor — que atua no gabinete da governadora — organizou a elaboração de uma denúncia anônima contra Portela, alegando suposta contratação irregular de empresa ligada a um parente. A acusação teria sido fabricada em uma lan house no Shopping RioMar, com o uso de um pendrive contendo o material.
“O tal ‘gabinete do ódio’ parece ser, para nossa surpresa, o próprio gabinete da governadora. É uma situação vergonhosa para a história do nosso Estado”, afirmou Porto, citando informações da Superintendência de Inteligência Legislativa (Suint), órgão interno da Alepe.
Dani Portela, autora do requerimento que deu origem à CPI da Publicidade, instaurada na terça (20), também se pronunciou. Segundo ela, a denúncia contra seu gabinete teria surgido em represália à investigação de um contrato bilionário de publicidade do governo estadual. A deputada classificou o material como uma tentativa de retaliação política: “Quiseram me devolver na mesma moeda. Mas não há empresa fantasma, não há ilegalidade, o funcionário apontado trabalha regularmente na Alepe desde o início do mandato”, declarou.
Portela também denunciou ter sido alvo de ameaças virtuais e mencionou um histórico de ataques envolvendo outros parlamentares. “Essa rede de ódio já vinha atuando, e busquei a delegacia da Polícia Legislativa em abril, quando percebi que a situação estava se agravando”, afirmou.
Em resposta às acusações, Manoel Medeiros divulgou nota pública em que diz não se intimidar diante da “velha política” e defende seu direito ao anonimato ao denunciar o que classifica como indícios de corrupção. Ele confirma ter feito a denúncia de forma anônima, fora do horário de trabalho e em espaço público, e afirma estar sendo alvo de perseguição por ter exercido sua cidadania. “Fui invadido e exposto simplesmente por denunciar um possível esquema de corrupção”, escreveu.
O caso, que expõe um novo conflito entre o Legislativo e o Executivo de Pernambuco, deve acirrar ainda mais os ânimos na Alepe, em um momento em que o governo Raquel Lyra enfrenta pressão política por contratos de publicidade e sua articulação interna.
Fonte: pernambuconoticias.com.br