Uma artista de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, denunciou que uma obra com uma releitura do quadro “A Última Ceia”, de Leonardo da Vinci, foi vetada em uma exposição no Rio de Janeiro. O quadro, que seria exposto em um evento, apresenta personagens negros, inclusive um no lugar de Jesus Cristo.
Pelas redes sociais, a artista Elvira Freitas Lira expôs a situação em uma postagem.
“Essa obra é uma das mais reproduzidas na história da arte, em diversos formatos. Na pintura, quase sempre é apresentada com os homens mais brancos e loiros que já vi. Isso sim eu acho ofensivo com a humanidade e até com a representação da realidade da época”, escreveu no Instagram.
Ela disse que fez uma intervenção em mais uma dessas reproduções.
“Por que isso foi considerado ofensivo pra uma instituição laica no Brasil, País laico?”, questionou. O nome do quadro é “Às vezes, quase parece que não estou usando aquela coroa de espinhos”.
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Segundo a postagem da artista, ela soube do veto há cerca de um mês.
“Mais uma das milhares de representações existentes do quadro a ‘Última Ceia’, de Leonardo da Vinci, foi excluído, ou proibido de participar, da exposição na qual ele faria parte, com a justificativa de ‘preservar a imagem da instituição”, declarou.
O quadro seria exposto no Centro Cultural dos Correios do Rio de Janeiro, porém foi vetado. A curadoria, em Brasília, selecionou o quadro de Elvira, mas a instituição não sustentou a escolha. De acordo com o relato de Elvira, a repercussão da abertura das Olimpíadas despertou a necessidade de publicar o que aconteceu.
“Não estava nem conseguindo escrever ou falar sobre isso, mas o universo trouxe a situação das olimpíadas e se tornou importante para mim aproveitar logo e falar algumas coisas”, continuou.
Elvira tem outras seis obras que podem ser apreciadas nesta mesma exposição.
A artista participou de diversas exposições institucionais, em espaços como Museu Murillo La Greca (Recife), Galeria Janete Costa (Recife), Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), além de integrar a coleção do BNB – Banco do Nordeste.
Em 2024 foi indicada ao prêmio PIPA e realizou uma ocupação no 7º andar do Edifício Misericórdia no centro de São Paulo intitulada “Arcoverde to the moon” com curadoria do artista Felipe Morozini.
A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o Centro Cultural dos Correios do Rio de Janeiro, onde acontecerá a exposição, e em resposta, a Instituição informou por meio de nota que irá exibir a obra.
“Considerando o alinhamento da obra aos valores dos Correios, em especial, Respeito às Pessoas e Diversidade, a curadoria da unidade cultural, em reavaliação do assunto, irá providenciar sua exibição na exposição para apreciação do público em geral.
Os Correios reafirmam seu compromisso em manter unidades culturais plurais e abertas à comunidade artística, em prol da construção de uma programação eclética, democrática, atrativa e inclusiva para toda a sociedade”, respondeu.
Fonte: blogdocauerodrigues.com.br