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Blog Caue Rodrigues

Banda Filarmônica Santo Antônio, de Carnaíba, celebra 108 anos de fundação nesta segunda feira

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Banda Filarmônica Santo Antônio, de Carnaíba, celebra 108 anos de fundação nesta segunda feira

Local: Igreja Matriz de Santo Antônio e São João Maria Vianney

 O Blog do Cauê Rodrigues, parceiro da instituição, trás ao nosso leitor, uma história conhecida por poucos, escrito pelo saudoso Padre Frederico Bezerra Maciel que conheceu bem a história da Banda e descreveu em seu livro “Carnaíba, Pérola do Pajeú”.

A primeira banda começou no carnaval de 1917,  organizada por José Queiroz, com pequena porção de músicos principiantes que ele vinha preparando, até chegar no fim do ano com a banda completa em número e bem satisfatória na execução. Mas, o caso é que o maestro bebia muito. Argumentando, com razão, que não aguentava nada, deixou a banda em outubro de 1919, sendo logo substituído pelo mestre Valdevino, vindo de Afogados da Ingazeira.

A 19 de Março, festa de São José, os músicos lordemente uniformizados, realizava o primeiro concerto de músicas sacras, bastante aplaudido. A seus alunos ensinava a arte de solfejar, mas somente aqueles de vocação musical iniciava nos instrumentos. Em 1910, deixando Carnaíba, a banda desativou-se.

E  doravante seria sempre assim infelizmente capegando até hoje. Propriamente, porém, a banda nunca se extinguiu, porque em Carnaíba sempre houve floração de músicos para um improviso qualquer. É quando, resolveu Zé Martins, conservando Zé Queiroz que havia reassumido a banda, fundar a “Sociedade Philarmônica Santo Antônio”. Entre os sócios, os nomes acima citados. E dentre os componentes da banda;
Israel Gomes (nessa época tocava bombardino), Zé Jacó (trompa), Dário Gomes (clarinete), Zuca Vasco (hélicon),  Manuel Gustavo (barítono) Zé Pretinho (clarinete), Francisco Bezerra (trombone), Zé Vicente (bombo), Antônio Escrivão (saxofone), Otávio Vasco (clarinete) Zé Tenório (barítono), Ozias Vasco (clarinete),  os irmãos João (pistom), José (trombone) e Josafá (pistom) Barbosa…

Infelizmente, o grande mestre era incorrigível e até se gabava: -“Não é de garrafa não, que compra cachaça para beber, eu compro é de carga!” Impossível assim continuar, porque quando bebia faltava os deveres.

Veio de Nova Olinda, Paraíba o terceiro mestre (na ordem o quarto regente) chamado de Diocleciano, apelidado mestre Dió. Tinha os dedos da mão direita encurvados e uma das pernas curvas. Aproveitou para fabricar muita farinha no Caroá, ocasião em que levava seu zonofone (gramofone) com aqueles discos que anunciavam as músicas que o prefixo ou slogan: – “Casa Edson – Rio de Janeiro”. Dió tocava “Marca” e pistom. No meio de seus alunos, o talentoso Israel Gomes muito interessado no aperfeiçoamento de seus conhecimentos da arte Musical.

Lamentavelmente, deixara Zé Martins a sociedade e, sem o seu prestígio, a prefeitura de Flores, que vinha ajudando com minguada verba de enjeitado, voltou a banda ao desprezo total – e isso durante 30 anos! Ficou a banda capegando, os mestres continuando a vir todos de fora até chegar a vez dos abnegado  filhos da Terra.

Em ordem cronológica, o nome deles todos e, para se ter melhor compreensão, a lista desde o início:
1º Zé Queiroz
2º Valdevino
3º Zé Queiroz
4º Dió
5º Osael Soares (clarinete e contrabaixo)
6º  Zé Duro (soprano)
7º Zé Mica (de Triunfo, muito míope e tocava clarinete)
8º Bia (Severino Távora), do Recife, que tocava trombone e considerado o melhor bombardino do Brasil na época, regeu a banda de 1936 a 1937.
9º Valfredo (chegou na véspera do Natal de 1938 e tocava pistom.
10º Artur Reis (tocava trombone)
11º João Barbosa em 1940.
12º Israel Gomes que tocava clarinete e alto ainda em 1940.
13º Cícero (tocava sax tenor e contrabaixo)
14º Petronilo Malaquias (contrabaixo)
15º Bia (voltou Severino Távora em 1950 e ficou com Petronilo no jogo de revezamento até 1977).
16º Toinho Barbosa, que  assumiu em 1978 até meados da década de 80.

Desses 14 mestres, 10 vieram de fora; Valdivino, Dió, Osael, Zé Duro, Zé Mica, Bia, Valfredo, Arthur,  Cícero e Petronilo; e quatro carnaibanos natos; Zé Queiroz, João Barbosa, Israel Gomes e Toninho Barbosa. Entretanto, Petronilo deve ser colocado entre os carnaibanos, por seu amor, dedicação e integração a terra, isto é, carnaibano além do coração.

Sob a regência de Israel, apenas 22 de seus componentes aqui; Antônio Martins (saxtenor), Antônio Maurício (clarinete), Beto (trombone de vara), Deda (pistom), Demerval (pistom), Dino (Dinamérico Lopes) pistom, Expedito Jacó (trombone) Flávio Martins (soprano), Geraldo Arruda Campos (saxtenor), Joãozinho sobrinho de Juvenal Quilino (pistom), Joaquim Golinha (Joaquim do Nascimento) que tocava clarinete, Josa Cassiano (saxofone), Luiz Cassiano (helicon), Petronilo Malaquias (contrabaixo), Tavinho (trompa), Toinho Barbosa (trombone), Tota (piston), Zé do Padeiro (barítono), Zé Viana (trombone),  Zezé Barbosa irmão de Toinho (bombardino)

E aqui, um doloroso registro sobre o esperançoso jovem Zé de Judite (Judite Barbosa), falecido um ano antes em 1939 quando aos 15 anos de idade e que, desde os 10 anos fizeram parte, juntamente com seu primo legítimo Zezé Barbosa, de bandas improvisadas, chegando a tocar até em outros municípios.

A banda em 1940 tocava nas festas religiosas e cívicas, fazia passeatas e retretas dominicais… e era contratada para fora; Afogados da Ingazeira, Custódia, Flores, Sitio dos Nunes e Betânia…
Por algum tempo, Israel afastou-se, assumindo primeiro Cícero e depois Petronilo que começou a ensinar os seus filhos. Elementos novos sempre entrando, a exemplo, na década de 50; Edmilson (trombone), Expedito Tenório (clarinete), O inditoso Valter Tenório (tropa)…
Com a morte de Israel Gomes e a doença de Petronilo, a banda ficou nas mãos de Toinho Barbosa que regeu até inicio dos anos 2000.

Com a morte de Toinho Barbosa, o Maestro Antônio Gitirana regeu a banda por alguns anos. Ele, desde criança era fã da banda e mesmo sem saber tocar nada, acompanhava a banda em cada apresentação pelas ruas de Carnaíba, foi se dedicando, se aprimorando até ingressar na banda e se tornar maestro. Essa história era contada por Toinho Gitirana a Cauê Rodrigues quando ambos eram estudantes do Grupo João Gomes dos Reis, sentados alí na Rua Mário Melo antes de entrar na sala de aula.

Hoje a banda é regida pelo Maestro Gilson Malaquias, filho do saudoso Petronilo Malaquias. A banda é presidida por Nadijanara Madureira Lautembacher, vinda de Triunfo e filha do Maestro Madureira.

Diante desta data importante para a história de Carnaíba e da Banda Filarmônica Santo Antônio, a Diretoria coordenada por Nadijanara Madureira Lautembacher, juntamente com seus músicos, convidam toda população de Carnaíba, para a Solenidade nesta segunda feira 17.

Fonte: blogdocauerodrigues.com.br