Só esta semana, mais duas agências do Bradesco foram notícia por deixar ou estar a deixar a região.
Em Santa Cruz da Baixa Verde, o prefeito Ismael Quintino até tentou na justiça, mas perdeu a guerra para o todo poderoso Bradesco, que ganhou a ação no mérito e, como quem diz, “a força e o capital são meus e eu vou pra onde eu quero”, abandonou a cidade, agora sem nenhuma agência bancária.
Aliás, o sistema financeiro convencional não distingue por tamanho ou posição geopolítica. Dia 22 de agosto, a população de São José do Egito se despede da agência do Bradesco. E não duvide se, como fez o Santander em maio, ela também deixar Afogados da Ingazeira em breve.
No caso do Bradesco, um problema grave se gera, já que, mesmo em tempos de portabilidade, o banco abriga os servidores estaduais em Pernambuco, que ficam reféns de uma decisão para a qual foram pegos de surpresa, não foram ouvidos e agora são jogados ao limbo, sem canais confiáveis ou acessíveis de relacionamento.
Mesmo os bancos oficiais, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal estão saindo das nossas cidades. Antes, sob argumento da violência. Onde criminosos explodiram agências como em Itapetim e Carnaíba, por exemplo, os bancos não voltaram. Agora, a desculpa é outra e atende por nomes como “readequação”, “modernização”, “para atender a tendência de mercado”, dentre outras falácias. A questão reside na verdade no enxugamento, no encolhimento e estrangulamento dos serviços presenciais para aderirem cada vez mais ao mundo virtual, para ter competitividade contra os bancos 100% digitais, como o Nubank. Relacionamento, presença, olho no olho, vão dando lugar a telas. E muitos brasileiros ficam a mercê dessa mudança brusca, prejudicando também a atividade econômica em nossas cidades.
Na contramão dessa história estão as cooperativas de crédito. Em Pernambuco, a maior delas é o Sicoob Pernambuco, presente em todas as regiões do Estado, na contramão dos privados e estatais, planejando a expansão de agências. Nascido da visão de Evaldo Campos e alguns idealizadores há 25 anos, hoje movimenta ativos que se aproximam da casa de R$ 1 bilhão, com mais de 52 mil associados, com 40 pontos de atendimento.
Uma das vantagens do cooperativismo financeiro é a economia solidária, com todos os associados participando de suas decisões e dos resultados. Além disso, oferece taxas mais competitivas que o sistema convencional em grande parte dos seus serviços.
No Pajeú, onde nasceu, está em várias cidades, abrindo pontos de atendimento em vez de fechar. Em parte deles, é a única agência da cidade. Nas outras, conhecida pelo melhor relacionamento, mais humano e próximo, dado o treinamento para seus colaboradores, voltado à cultura de que ali está mais que um negócio, mas a construção de uma relação humanizada e justa, princípio do cooperativismo financeiro.
Ao contrário dos bancos, tem tido também uma ação solidária na região, com várias ações de apoio a organizações sociais, entidades, municípios, e com sua marca nos principais eventos culturais e das diversas áreas de desenvolvimento.
O desafio é fazer com que cada vez mais empresários e gestores enxerguem o óbvio, favorecendo a ampliação da rede, com presença, apoio institucional e na hora de acessar produtos, serviços e confiar na sua credibilidade e resultados que fazem do Sicoob Pernambuco uma das mais sólidas do sistema cooperativo nacional. Esse é o caminho para suprir as lacunas deixadas pela fuga dos bancos convencionais, ampliar seu protagonismo regional e evitar um apagão bancário na região.
Fonte: nilljunior.com.br