Por Ananias Solon, Zootecnista e historiador serra-talhadense
O Episódio eu conto como aconteceu. (In memoriam) mano Sorgerlane. Em passeio de férias na fazenda Serra Verde, em Serra talhada, de propriedade do nosso saudoso avô Joaquim Alves Magalhães (Pai Quinca).
Lá eu estava para uma aventura de caçada a rolinhas, os primos estavam em outras atividades. O dia estava convidativo, era uma manhã de sol radiante, frio serrano. Era mês de julho; estação inverno.
Ao chegar no local da caçada, fiquei abismado e maravilhado com muito entusiasmo adentrei na mata de vegetação nativa, bem adensada. Sendo as espécies mais comuns, aroeiras, baraunas, marmeleiros, favelas e as mais abundantes: os cocos Catolé.
E diante daquela imensa mata só se escutava a cantiga dos pássaros e o grito dos macacos que ecoava entre as serras, surgindo uma maravilhosa sinfonia orquestrada pelos acordes agudo do canto da siriema. Vendo aquele magnífico cenário, tive uma sensação de paz e felicidade. Cheguei até a pensar em desistir daquela tremenda ação desnaturada que acontece com os garotos nos confins dos sertões.
Segui para tal caçada equipado com uma cruel espingarda artesanal tipo soca-soca. Ao chegar no lugar planejado, soube que ali tinha se tornado uma área atrativa e agradável para os animais de todas as espécies, principalmente os macacos prego que colonizam por lá há bastante tempo, resistindo as transformações dos tempos, provando assim ser um animal de alto poder de resiliência.
O SUSTO
Pois bem, lá estava eu na estratégica tocaia, à espera da presa preferida, que eram as rolinhas. Arma em punho, mira em ação, gatilho apertado, estampido no mundo, pássaro no chão. Ao correr para pegar as aves que tinha alvejado, me assustei com o zuada feita pelos macacos, acho que em forma de protesto por presenciarem aquela terrível cena, ou por algum ter sido atingido acidentalmente por chumbo perdido.
Eles gritavam tipo um alarme, me deixando nervoso e com medo daquela situação. Foi então que apanhei 3 aves e saí rapidamente do local, voltando para a tocaia, embaixo de um Juazeiro. E ali mais sossegado, despenei as rolinhas, carreguei a maldita espingarda novamente, e deitei um pouco aguardando os ânimos acalmarem, e as rolinhas aparecerem para outra investida.
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Escorei a cabeça em uma pedra, e dei uma cochilada, foi então que escutei um barulho tão danado que fui nas nuvens e voltei! Dei um pinote e me deparei com um quadro terrível de guerra. Um macaco bem mais desenvolvido que os outro, com minha espingarda na mão, e os outros em forma de circulo todos armados com pedras. Então começaram a atirar as pedras em mim.
Eu desesperado sem saber o que fazer para sair daquela situação, num golpe de ligeireza e agilidade, dei uma cambalhota e fugi em disparada, numa carreira tão grande que deixei o bornal e perdi as alpercatas, gritando: XÔ GOBIRA ! XÔ GOBIRA. Os primos escutaram de longe esses gritos e vieram a meu encontro para socorrer.
Em estado de pânico, contei o ocorrido, então eles fizeram a maior anarquia comigo e em tom de galhofa me tomaram a pagode, me apelidando de “Xô Gobira”, ficando um bom tempo essa alcunha em minha pessoa. Aqui termino dizendo que devemos preservar a natureza, e matar animais é crime.
Fonte: faroldenoticias.com.br