Foto: Manu Silva/Farol
Por Giovanni Sá Filho, jornalista, pesquisador, professor doutor em Sociologia pela UFPB e editor do Farol
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi utilizado como uma espécie de ‘avalista’ pelos deputados e senadores do PT que prestigiaram a convenção partidária na noite dessa segunda-feira (5), que confirmou a chapa Márcia (PT) e Faeca (Avante) nas eleições 2024.
Em praticamente todos os discursos das autoridades petistas convidadas ao evento, o nome de Lula foi citado como uma força crucial e divisora de águas ao cenário já de forte polarização na Capital do Xaxado.
O peso da eleição em Serra Talhada para o Partido dos Trabalhadores foi sentido, especialmente, no discurso da senadora Teresa Leitão.
“A articulação política que Márcia fez foi suficiente para a gente ter esse palanque amplo que se une em torno das bandeiras do presidente Lula, é este o palanque vermelhão, é este palanque do PT, é este o palanque de Lula e que vai reeleger Márcia, é a única mulher do PT de Pernambuco candidata à reeleição”.
Evitando citar o ex-prefeito Luciano Duque, o senador Humberto Costa usou o microfone para enviar um recado velado, exaltando que Márcia teve lealdade pela sigla “ao invés de vomitar pedra [contra o PT], que é mais fácil”. O que remeteu ao convulsivo cenário em que Duque deixou a legenda para seguir Marília Arraes, em abril de 2022 [relembre].
Na convenção de ontem, o tradicional grito da militância petista “olê, olê, olá, Lula, Lula” foi substituído pelo “olê, olê, olá, Márcia, Márcia”. E a própria prefeita em seu discurso enfatizou a figura do presidente durante a caminhada que chegará ao fim no dia 6 de outubro.
Ao longo destes meses, não será fácil para Miguel Duque, Luiz Pinto e Sargento Jucélio lutarem contra um jurássico e já muito batido jargão de campanha, mas que ainda funciona sintetizado na frase: “Essa é a candidata de Lula”.
A frase parece um “espanta demônios” e entrará na casa da população tal qual um passaporte mágico catalisando afetos positivos e negativos, mas sem deixar nenhum morador incólume diante o cenário que se apresenta.
No entanto, chamou muito a atenção o silêncio macabro de Humberto, Tereza e demais petistas no evento.
Todos sepultaram, na convenção, as duras críticas disparadas ao grupo de Sebastião ao longo de mais de uma década de campanhas em Serra Talhada (2012, 2016 e 2020) em que o PT disputou.
Para quem não lembra, no banco de arquivos do Farol está tudo documentado em texto, fotos e vídeos. Só irá sumir dos nossos arquivos no dia do Apocalipse.
Portanto, será de fácil acesso você recordar quando o PT dizia, em alto e bom grito, em carros de som, que estava combatendo a herança dos coronéis em Serra Talhada.
A herança maléfica do cacique Inocêncio Oliveira e que se estendia a Sebastião Oliveira e seus demais herdeiros até a décima quinta geração.
Era quase uma cruzada santa para o PT enfrentá-los “pelo bem da liberdade do povo, contra as amarras do passado e pelo bem da democracia.”
Agora muy amigos, os petistas aviltam a própria memória, fingem que não há história que ateste essa veracidade e abraçam seus novos coleguinhas, não mais “coronéis”, como se nada tivesse acontecido.
Pelo vale tudo da política, engole-se o cuspe… E vai seco mesmo.
Fonte: faroldenoticias.com.br
